quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Desmitificando a Nova Zelândia

É sabido que existem diversos mitos sobre a Nova Zelândia. Alguns envolvem informações em relação a vistos, outros em relação ao mercado de trabalho, assim como mitos em relação à cultura e costumes do neo-zelandês.
Neste post, tentarei mostrar todos os mitos que consegui desmitificar sobre a Nova Zelândia. Claro, novamente alerto que não adotarei a postura de que sou detentor do conhecimento universal, minhas palavras são baseadas no empirismo e com certeza estão longe de possuir uma precisão em relação ao que considera-se verdade ou não; é apenas minha opinião.
Um mito muito comum falado por aí é que não precisa de visto para a Nova Zelândia: errado!
Todo e qualquer estrangeiro na Nova Zelândia precisa de visto para permanecer no país, com exceção cidadãos Australianos que têm livre acesso à Nova Zelândia, mas até Inglês precisa de visto por aqui. Esse mito é disseminado por aí por conta de nosso país, Brasil, ter um acordo diplomático com a Nova Zelândia onde não exige-se que brasileiros à turismo tenham que necessariamente aplicar para o visto de turista antecipadamente no Brasil; estamos elegíveis a receber o visto de visitante na chegada para os primeiros 90 dias de nossa viagem caso atendamos os requisitos exigidos pela imigração, que no final determinam o que vem a ser um "turista legítimo". Caso você consiga comprovar que é um "turista legítimo', você receberá o visto de visitante na sua chegada no aeroporto de Auckland. Outro mito em relação à visto é que se você vier para estudar é garantida a sua entrada e recebimento de visto: novamente errado! Visitantes na Nova Zelândia estão autorizados a estudar em cursos de baixa duração. A definição de um curso de baixa duração para a imigração da Nova Zelândia é um curso que não dure mais do que 3 meses em sua totalidade.
Por conta dessa informação, muitas empresas vendem um sonho em relação ao país, mas no final das contas entregam um pesadelo. Já vi diversos casos de agências que venderam o curso de Inglês por até 12 semanas para os estudantes e não citaram que para poder entrar no país, não basta vir com um curso pago, ainda assim é necessário atender os requisitos exigidos pela imigração para poder ser considerado um "turista legítimo". Um outro mito muito comum de se ouvir é que com visto de estudante por 6 meses você recebe a permissão para trabalho: novamente errado! Para obter-se um visto de estudante com permissão para trabalho na Nova Zelândia, existem duas formas: a primeira, para estudantes de Inglês. O estudante de Inglês que pretender receber a permissão para trabalho terá que se matricular em um curso de Inglês considerado "Full-time" ( a definição de um curso full-time para a imigração da Nova Zelândia é um curso com duração maior ou igual a 20 horas por semana) e comprovar que tem nível de Inglês no mínimo intermediário, comprovação essa que é feita através do resultado do teste do IELTS ("International English Language Testing System" - www.ielts.org) e o resultado mínimo deverá ser de 5.0, que corresponde ao nível intermediário. Caso você tenha feito o teste do IELTS e tenha recebido o resultado (mínimo de 5.0) antes de aplicar o visto de estudante, na aplicação do visto você poderá pedir a permissão para trabalho, não envolverá custos adicionais em relação ao seu visto, a não ser em relação à taxa paga pelo teste do IELTS. Esse caso é comum para estudantes que estão no Brasil e aplicarão para o visto de estudante para a Nova Zelândia. Caso você já esteja na Nova Zelândia e tenha um visto de estudante por um período de estudos de 6 meses mas ainda não fez o teste do IELTS, uma vez que você fizer o teste e obter o resultado, poderá pedir a permissão para trabalho para a imigração, fazendo algo que chamamos aqui de "Variation of Conditions", que nada mais é "variação de condição" no que refere-se a obter a permissão para trabalhar por até 20 horas enquanto estuda. Isso significa que mesmo que você inicialmente tenha o visto de estudante para estudar Inglês mas não tenha a permissão para trabalho, você poderá alterar essa situação no futuro desde que faça o teste e comprove que seu nível de Inglês é no mínimo intermediário. A segunda forma é: aplicar para um visto de estudante para um curso que culmine em uma qualificação neo-zelandesa. Para isso, um requisito básico é em relação ao seu nível de Inglês, que novamente deverá ser comprovado que é de no mínimo intermediário equivalente a uma nota de no mínimo 5 no teste do IELTS. Veja bem, equivalente, isso significa que não é obrigatório fazer o teste do IELTS, algumas escolas oferecem o teste de admissão do curso para fazer tal comprovação. Caso você esteja no Brasil, as regras em relação ao período mínimo de curso para a eligibilidade de receber um visto de estudante são um pouco diferentes: No Brasil, o período mínimo é de 13 semanas, não importando se o curso na sua totalidade é superior a esse período e sim o período de curso pago inicialmente. Por exemplo, em um curso de diploma que tem a duração de 40 semanas no total, oferecido em 4 termos de 10 semanas cada, caso você adquira apenas 1 termo inicialmente (proporcional a 10 semanas) não estará elegível a aplicar o visto de estudante no Brasil devido o período ser inferior a 13 semanas. Se você está na Nova Zelândia, será levado em consideração o período total do curso (40 semanas) e não o período de curso pago inicialmente. Claro, o tempo do seu visto de estudante será proporcional ao período de curso pago, independente se você está no Brasil ou aqui e não referente ao período total de curso. Geralemente, quem aplica para um visto de estudante no Brasil para fazer um curso de Diploma que não foi pago em sua totalidade não recebe a permissão para trabalho impressa no visto apesar da elegibilidade. Eu vi diversos casos isso acontecer e apenas aqueles estudantes que pagaram o curso em sua totalidade tiveram essa informação impressa no visto que foi confeccionado no Brasil. Não me perguntem porque para aplicar no Brasil é diferente, eu apenas sei que as regras são essas.Caso isso aconteça com você, ao chegar na Nova Zelândia, você poderá ir até a imigração e pedir que a informação em seu visto seja corrigida sem custo adicional uma vez que a permissão para trabalhar é compulsória para estudantes de cursos que culminem em uma qualificação neo-zelandesa; e não condicional. Claro, você não terá como EXIGIR que a imigração repare o erro sem custo, mas você poderá PEDIR. Caso seu pedido não seja atendido, ainda assim você poderá pedir a permissão para trabalho novamente através da "Variation of Conditions", como é feita para os cursos de Inglês. Para isso, paga-se o valor de NZ$122,67 para a imigração da Nova Zelândia.
Outro mito bastante comum é que ao permanecer 5 anos no país você se torna cidadão: erradíssimo! Essa aí é um mito clássico da desinformação do nosso povo na NZ! Talvez exista uma confusão pois quem é residente fica elegível a pedir a cidadania neo-zelandesa após 5 anos como residente no país. Isso significa que não adianta você estar no país a 5 anos para pedir a cidadania, antes disso você terá que ter passado pelo processo de residência, que cá entre nós, não é algo tão simples como se imagina por aí! Eu to cansado de ver pessoas falando que querem pegar a residência sem ao mínimo pensar em investir em estudo, ou pessoas crendo que pela experiência de trabalho e qualificação que possuem do Brasil vão pegar a residência sem antes possuir um visto de trabalho. Se você é um desses, continue sonhando, não deixe de tentar, mas já antecipo que quando você acordar desse sonho a realidade será bastante diferente.
Um mito comumente disseminado por aqui é que Maori é tudo preguiçoso: errado! A preguiça não é uma particularidade de um povo e Maoris são vítimas do preconceito quando pessoas fazem tal afirmação. Esse mito na minha opinião é um reflexo do comportamento do povo neo-zelandês, independente da descendência, onde tem-se o (péssimo) hábito de rotular as pessoas. Então para eles é "normal" falar que alguém é "black" ou que é "white", que é "Maori" ou que é "Pakeha", que é "Asian" ou que é "Indian", que é "South American" ou que é "Bloody Brazilian"; infelizmente isso é muito, muito comum aqui. Claro, novamente tentarei fugir da generalização, que em sua maioria é burra e não nos leva a um entendimento claro dos fatos, mas isso acontece por aqui com frequência. Isso não é particularidade do povo neo-zelandês mas é mais comum ver esse tipo de rotulação por aqui do que no Brasil, talvez porque no Brasil seja um crime que a população repudia com amparo legal; e por aqui não, o que considero triste: racismo deveria ser crime perante a legislação de qualquer país.
Em relação à habilitação, um mito comum é que basta portar a CNH brasileira que você poderá dirigir em território neo-zelandês por 1 ano: errado! Não basta somente portar a CNH, que por sinal significa "Carteira Nacional de Habilitação", você terá que portar uma tradução precisa e oficial do documento feita por um tradutor autorizado pela NZTA (New Zealand Transport Agency - www.nzta.govt.nz) junta da sua CNH. Caso você tenha a CIH (Carteira Internacional de Habilitação), você não precisará da tradução por conta de que o documento está disponível também em Inglês. A sua habilitação do Brasil, independente da CNH ou CIH tem validade por 1 ano (12 meses) contados a partir da sua primeira data de entrada no país. Caso você possua uma "New Zealand drivers license" você não poderá usar sua habilitação brasileira, ela perderá a validade. Além de claro, se sua habilitação estiver suspensa, vencida ou cancelada por qualquer motivo, você NÃO poderá usá-la em hipótese alguma.
Um mito que me gera muita tristeza ao ver que ainda é disseminado é que brasileiro não ajuda ninguém, é egoísta e na primeira oportunidade que tiver vai te ferrar: erradíssimo! Mais uma vez um mito gerado pela generalização. Esse mito inclusive contraria os atos de muitos brasileiros que conheci por aqui, que mesmo sem conhecer as pessoas ajudaram-nas ao alcançar o sucesso no exterior. Lembre-se a generalização é burra e nos impede de avaliar de uma forma clara o contexto na qual está inserida. Pessoas boas e ruins existem em qualquer lugar, vindas de qualquer parte do mundo, isso não é particularidade alguma de uma nacionalidade. Como pode-se perceber, mitos são originados pela falta de informação e pesquisa por parte das pessoas. Não quer quer dizer que tudo que te dizem por aí é errado, você tem que ter noção e bom-senso para avaliar não somente o contexto da informação recebida, mas também a origem (fonte) dessa informação e a veracidade do conteúdo, antes de repassá-la, isso para evitar que o efeito "telefone sem fio" predomine, minimizando a chance de "ruído" na interpretação dessa informação. Geralmente mitos quando contados são precedidos pelas expressões "ouvi dizer", "me falaram que", "não lembro onde vi", ou uma das mais famosas " meu primo me disse". Sempre que você ouvir essas expressões, suspeite do conteúdo da informação e busque mais detalhes sobre o que lhe foi contado, não motivado pela desconfiança e sim para ter a certeza com o que você está lidando.
Agora, existe algo que não é um mito e sim um fato: qualquer pessoa na Queen Street vestindo um Nike Shocks no pé é sim brasileira! Dá para notar de longe! =)

Boa leitura "BrasiliaNZ"!